domingo, 16 de outubro de 2016

Nomad 1957


Como já mencionei na postagem do Ford 1931 Woody Wagon (clique aqui para ler toda a postagem: http://dioramasdoski.blogspot.com.br/2016/10/diorama-ford-wood-1929-abandonado.html) quando garoto, eu adquiri algumas miniaturas de carros dos anos 50 na escala 1/18, essas miniaturas em metal, já vinham montadas, pintadas e fixadas em base dentro de uma caixa (muitas delas temáticas) e como também já mencionei, não tinha nenhuma experiência com miniaturas nessa época, apenas comprava por impulso ou por paixão pelo modelo do carro. Sendo assim ao adquirir essas miniaturas na escala 1/18, a primeira coisa que eu fazia era retirar elas das caixas e retirar a base aonde elas vinham fixadas e deixá-las em exposição numa estante da sala de casa.
Depois de algum tempo a pintura já não tinha mais o mesmo brilho, os cromados começavam a ficar opacos e a aparecerem pequenas manchas escuras neles e os vidros ficavam com aspecto de sujos.
Por mais que tivesse cuidado com elas e estivesse sempre limpando, era inevitável esse processo natural de desgaste da miniatura.
Só para comparação, comprei há alguns anos uma miniatura de um Plymouth Fury 1957, a qual nunca retirei da caixa, nem da sua base e esse ainda está totalmente intacto, com a pintura brilhando como nova e os cromados reluzentes, assim como todos os vidros transparentes e limpos, mesmo depois de anos.
Infelizmente, fiz isso com todas as miniaturas que havia comprado e com todas elas a ação do tempo foi imparcial.
Normalmente, numa situação dessas, quem gosta de miniatura ou simplesmente tinha um modelo desses em casa e aconteceu isso com a miniatura, ou daria ela para alguma criança brincar ou simplesmente a jogaria fora.
Eu por outro lado, fiz diferente, ao ver recentemente o estado delas, muitas ideias foram surgindo e no caso da miniatura 1/18 do Chevrolet Nomad 1957, resolvi mexer em tudo na miniatura.
Resolvi fazer um diorama com essa miniatura, porém a primeira etapa não foi a criação do diorama, mas as mudanças na miniatura, para deixá-la o mais realista possível.
Acompanhe as fotos do processo abaixo:

Miniatura do Chevrolet Nomad 1957 na escala 1/18 (Obs: imagens obtidas da internet, o meu era igual a esse modelo, mas esse estava num site de vendas, então coloquei as fotos para apenas retratar como ele era originalmente)


Miniatura do Chevrolet Nomad 1957 na escala 1/18  da fabricante Chinesa Road Tough ainda em estado original.
 
 É óbvio que a minha miniatura não estava mais nesse estado, essas fotos são apenas para dar uma ideia de como é o modelo original.


Frente da miniatura do Chevrolet Nomad 1957 na escala 1/18. 


Traseira da miniatura do Chevrolet Nomad 1957 na escala 1/18.


 Interior todo em plástico da miniatura do Chevrolet Nomad 1957 na escala 1/18.
 
O primeiro passo foi desmontar totalmente a miniatura e remover todos os detalhes cromados da carroceria.
 
Após, foi removida com lixa, toda a tinta da carroceria. Poderia até ter aproveitado a mesma tinta de fábrica, mas ela veio com uma pintura em vermelho metálico, que originalmente não era usado nos carros dos anos 50. Provavelmente essa miniatura seria uma espécie de Restomod (um carro antigo restaurado nos anos atuais, usando acessórios como rodas, pneus, tintas e outros detalhes modernos). 
 
Isso explicaria por que a pintura não foi feita em dois tons, como era muito comum nos carros dos anos 50.
 
Como minha intenção era de deixar o carro com um visual desbotado e um pouco enferrujado (nada muito crítico, apenas leves marcas de ferrugem) teria que fazer um fundo antes da pintura, para depois fazer as marcas do tempo, como se o carro já estivesse bem usado e nunca tivesse sido restaurado.
 
Os vidros já opacos e as marcas nos cromados já dão um toque especial a temática do diorama, apenas tenho que acrescentar alguns pontos de ferrugem a mais, para dar um toque diferenciado.
 

No local onde ficam alojados os faróis, eu fiz um furo usando uma furadeira elétrica para colocar pequenas lâmpadas (LEDS) que acenderam tanto os faróis, quanto as lanternas (na grade do para-choque) da miniatura.
 
Na parte traseira, logo abaixo de onde são fixados os cromados dos rabo-de-peixes, também usei a furadeira para fazer dois orifícios onde serão colocados dois LEDs vermelhos, para fazer a lanterna traseira.
 
Uma dica para quem for fazer esse processo de instalar iluminação em miniaturas, parece uma dica boba, mas é fundamental, antes de furar, verificar se o local a ser furado na lataria da miniatura, corresponde com a peça a ser encaixada por cima, pois se o furo for feito um pouco abaixo ou um pouco acima, acabará escondendo o LED e não terá o efeito desejado, assim como o alinhamento preciso de ambos os furos, se não a miniatura vai ficar com um farol em altura diferentes, o que não é uma coisa legal de se ver.
 
Na hora da pintura, protegi os vidros e apliquei uma base de tinta branca no carro todo. Na parte de baixo da carroceria, eu vou usar essa tinta branca como fundo, para aplicar depois a tinta vermelha. 
 
É muito importante nessa etapa do processo, não ter pressa, aplique uma camada de tinta, agrade secar e aplique novamente outra camada.
 
No caso dessa miniatura, eu pintei até o interior dela de branco 
 
Verifique depois de secar a tinta, se não ficou nenhum vão ou canto sem tinta, um pequeno detalhe pode estragar todo o trabalho. 
 
Após a tinta estar bem seca, é hora de passar a camada vermelha. No caso dessa miniatura, eu queria fazer um modelo como era nos anos 50, com a pintura saia e blusa (como era conhecida a pintura em dois tons), então eu protegi as partes que queria manter branca e pintei o restante de vermelho.
 
É claro que após a pintura, a cor do carro vai ficar com a tinta brilhando, mas como não queria esse efeito, usando um pano embebido com removedor de tinta e uma lixa fina, fui passando algumas vezes o removedor até deixar a tinta fosca, com uma aparência de carro com pintura gasta e queimada pela ação do sol.

Nessa hora você percebe por que fiz um fundo branco antes de pintar a parte de baixo da carroceria de vermelho, assim ao passar a lixa levemente, a tinta vermelha vai se desbotando, dando lugar a tinta branca, causando um efeito de desgaste na pintura.

Após a pintura e a parte de desgaste da tinta, eu remontei novamente a miniatura para ver se todos os detalhes se encaixavam, principalmente com a furação das lanternas e faróis.
  
Outro detalhe na montagem é o alinhamento dos detalhes como os frisos laterais.
 
Como nesse modelo em especial, ele vai ter como tema um carro antigo já muito usado, ele nem precisaria ficar tão bem alinhado, mas mesmo assim, acabou ficando alinhado.

Nessa etapa, começo a fazer um uma canetinha preta os detalhes nas partes que estão desgastadas.
 
Se você errar ou achar que abusou demais na cor preta, não tem problema, a tinta dessas canetinhas saem fácil com um pano embebecido com álcool.

Novamente, é preciso ter calma para fazer esses detalhes, faça alguns, pare, observe, veja se não está ficando fora do tema que você tem em mente e se estiver, pare tudo e comece novamente, muitas vezes é necessário dar dois passos para trás para poder seguir adiante.

 
Uma dica para fazer esse tipo de trabalho é você pesquisar em carros reais, as cores dos detalhes, assim não vai ficar parecendo um carro exagerado.
Dependendo do tema que você vai usar, como por exemplo fazer um diorama de um carro a muito tempo abandonado, você pode até retirar alguns frisos da carroceria e passar massa epoxi ou mesmo massa automotiva para fechar os vãos e dar um acabamento antes de pintar, deixando apenas pequenos orifícios que seriam usados para passar os parafusos dos friso, igual ao original.
 
Com tudo remontado e a pintura já quase finalizada, é hora de desmontar novamente a miniatura para trabalhar no interior dela.
 
 Essa Chevrolet Nomad 1957, assim como outras na escala 1/18 tem os movimentos das rodas controlados pelo volante, então, esse é um detalhe importante na hora de desmontar a miniatura, pois ele vai dificultar um pouco esse processo e se você forçar demais, pode acabar quebrando a barra de direção, sendo assim cuidado ao desmontá-la.

Na parte interna da miniatura eu queria fazer um aspecto de desgastado, não que o acabamento que vem de fábrica não fosse bom, mas eu queria algo mais realista possível.

Comecei fazendo o carpete do carro com um tecido cinza azulado, algo que remetesse ao padrão exótico dos anos 50.
 
Antes de colar o tecido, marque os orifícios que encaixam os bancos e já recorte os mesmos.

Faça o mesmo com os demais itens como acelerador, freio, embreagem e o orifício da coluna de direção.

Na sequencia, comecei a fazer a parte traseira com o mesmo tecido. Como essa é uma área que não é possível ver, poderia ter deixado sem nada, ou ter dado um acabamento mais simples, mas preferi manter igual a da parte dianteira.
 
Depois, comecei a fazer as laterais do interior em vermelho.

Essa vai ser também a cor dos bancos.

Revestindo a parte traseira do banco traseiro. Novamente é uma área que ninguém vai conseguir ver, mas acabei fazendo também.

Sempre antes de avançar muito, eu costumo fazer um teste de encaixe, para ver se todos os detalhes estão se encaixando.

O mesmo revestimento que usei no assoalho, usei também no teto.

Lembrando que todos os orifícios devem ser marcados.

Teste de fechamento e abertura das portas.

Com tudo se encaixado, fechando e abrindo normalmente, é hora de continuar.

Como mencionei acima, devido aos vidros embaçados, não é possível ver o interior da miniatura.

Mesmo olhando pelo vidro traseiro.

Devido ao aspecto de "sujo" o vidro não deixa ver os detalhes internos.

Iniciando o revestimento do banco dianteiro.

Na lateral do banco eu fiz os detalhes cromados, como nos carros dos anos 50.

Inicialmente, eu pensei em usar papel alumínio para fazer os detalhes do banco.

Mas eu achei o papel alumínio um pouco frágil para esse uso, talvez numa miniatura em escala menor ele seja mais adequado.

Mas aqui eu usei um alumínio um pouco mais duro, tipo aquele que vem em latas de leite em pó.

banco pronto e encaixado no lugar.

Como eu queria um aspecto de desgaste e sujeira no banco, fiz algumas manchas nele e colei pequenos tufos de algodão, desfiando levemente.

Até pensei em fazer em ambos os lados, mas geralmente o lado do motorista é sempre o mais gasto.

Terminando o banco traseiro e as laterais.

Nessa época, os carros tinham os bancos com duas cores, geralmente os Chevrolet de 1957 com banco vermelho, ou tinha os detalhes em preto ou em branco, com filetes e botões em prata, mas eu optei em não fazer nesse estilo, deixando o banco numa cor única e mais simples.

Interior pronto, só montar novamente.

Nessa etapa, a miniatura já está montada e com as lâmpadas de LED instaladas, tanto nas lanternas, como nos faróis.

Uma dúvida que alguns podem ter: Por que elas são amarelas e não claras como nos carros normais? A resposta é simples: Por que o diorama vai ser baseado em algumas fotos do fotógrafo Troy Paiva.

Esse diorama vai ser feito baseado num trabalho desse fotógrafo feito num ferro velho americano chamado Big M Autos, onde ele usa para fotografar uma técnica chamada "light painting" que dá um efeito muito legal as imagens.
 
Por isso coloquei no interior da miniatura um LED verde para dar o mesmo efeito das fotografias feitas por Troy.
 
Se fosse fazer uma instalação dos LEDs traseiro, como em um carro normal, para evitar que ele ficasse com esse efeito da foto acima, bastava eu envolver ele com massa epoxi, mas realmente esse efeito ficou exatamente como os das fotos em que me inspirei para fazer esse diorama.

Exemplo de uma das fotografias feita por Troy.

Outro exemplo de uma das fotografias feita por Troy.
 
Esse era realmente o efeito que eu queria para esse diorama.
 
Como o diorama vai ser baseado num carro que está em um ferro-velho, ele não precisa estar totalmente enferrujado ou apodrecendo, basta ter alguns detalhes faltando, por isso ele vai ficar sem uma das lentes do farol, sem o emblema V8 dianteiro, sem os "foguetinhos" do capô e sem um dos frisos do rabo de peixe, como se já tivessem sido tirados e vendidos à parte, até pensei em retirar as calotas também, porém como o diorama vai ser baseado num ferro-velho americano, muitos carros que você vê nesses ferros-velhos ainda possuem calotas, sendo assim até a montagem definitiva do diorama, vou estudar melhor se tiro ou mantenho as calotas.
 
O interessante é que no painel da miniatura, não tem iluminação, mas quando o LED verde do interior é aceso, dá a impressão que o painel e o rádio também se acenderam.
 
Detalhes do interior pronto, até as laterais de porta foram feitos seguindo o tema de rasgadas com algodão soltando.
 
Detalhes do interior pronto.
 
Detalhe do banco, com algodão saindo para fora (onde o tecido está saindo abaixo da coluna da porta é proposital, falta passar uma tinta, como se estivesse se soltando).
 
Interior pronto, com LED apagado.
 
Finalmente, o carro está pronto, na próxima parte, a montagem do diorama inspirado no ferro-velho americano Big M Autos.
 

ANOS DEPOIS...
 
Essa postagem, foi feita em 2016, na época, estava com muitos planos para fazer algumas maquetes de ferro-velho e esse carro seria um dos carros antigos abandonados na escala 1/18, porém, inesperadamente, em 2020, por motivos de saúde na família acabou sendo vendido antes de eu conseguir fazer o diorama.
Em 2022, tive contato com a pessoa que o comprou, ele o manteve sobre seus cuidados até a seu repentino falecimento.



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